terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Vicky Cristina Barcelona: Só o amor incompleto pode ser romântico




"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem."
Fernando Sabino


Sempre que vejo os filmes do Wood Allen fico pensativa. Vejo , revejo , transvejo a fotografia, os diálogos, o enredo. Com esse, Vicky Cristina Barcelona, o mais almodoviando dos filmes do Allen, não poderia ser diferente.

Vicky preza a estabilidade no amor acima de tudo. Cristina, por outro lado, não sabe o que quer, mas sabe o que não quer. Sua liberdade , mesmo que ilusória é o seu maior bem.As duas amigas se apresentam como dissonantes no quesito paixões. Na verdade, elas podem ser encaradas como dois lados de uma mesma moeda. À maneira alleniana,Vicky e Cristina encarnam a dualidade do ser humano, que a maior parte do tempo opta por ostentar somente um determinado aspecto de sua personalidade.

Temos inseridos no enredo o clamor pela arte, encarnados na figura do artista Juan Antonio e de sua ex, futura e eterna mulher , Maria Helena. Com traços sôfregos e caóticos eles dão cor e vida ao filme. Uma deliciosa mescla entre o pragmatismo de duas jovens,e a intensidade de dois artistas.

Há também a complexidade das relações humanas, os diferentes conceitos em relação ao amor, o dilema entre as emoções e a consciência, as inconstâncias entre o mundo das artes e da boêmia.De maneira despretensiosa e totalmente direta é possível observar três pontos de vista distintos sobre o mesmo tema, o amor.

O filme é um brinde à vida. Sensibilidade é a palavra chave, o amor como forma de experimentação. Mesmo assistindo-o por incontáveis vezes, uma cena ficou por dias rondando os meus pensamentos. Exatamente a cena em que um dos personagens diz:“Só o amor incompleto pode ser romântico”.

Intriga-me pensar que os grandes amores não tenham futuro, não sejam eternos.O grande amor, o amor arrebatador será sempre aquele nunca realizado, ou nunca vivenciado em sua plenitude.A idealização é sempre mais mágica. Ama-se pelo mistério ou pelo tormento que o outro provoca em nós.

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