segunda-feira, 25 de julho de 2011

Paralelepípedos de Vida



Andando e pisoteando na maturidade propagada pelas redes sociais, constantemente vejo um “avatar” querendo aparecer mais que o outro; ou é carência crônica ou é síndrome de reality show.. Nada no mundo orna com esse tipo de gente.

Somos todos vulneráveis. Somos e ponto. Seres falíveis. Cheios de crendices, simpatias, métodos alternativos. Sinceramente ando cansada e com preguiça dessa competição de quem é mais “foda”, e com verdadeira repulsa dos que se fazem de vítima. Difícil isolar coração e razão, afastar as agonias. O principal fica sempre ali protegido, entre parênteses.


Ignore as dores simplesmente! Busque nas prateleiras sociais, coisas leves, que tenham gosto de poesia distraída. Sem controle, sem ordens, sem sufoco, sem perder a mão nas escolhas, sincericídio às vezes faz mal.


Já não há necessidade de urgência, de tempos em tempos a vida mostra a sua face mais bonita. Atravesse a porta e encare os medos. Importe-se menos. Fuja dos clichês...É essencial não ofuscar o brilho dos afetos, contudo tente equilibrar-se nesses inconstantes paralelepípedos de vida.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Amigos de Vento !




Daqui, vejo um aquário, cheio de espécies interessantes, exóticas....Interação instantânea, lanço mão da minha rede “social”, e pesco, pesco e pesco...amigos. Seres iluminados, possuem luz própria, cada um com um tom. Cheiro de mar, fisionomia de pôr do sol e essência de brisa.

Causa e efeito, quando crianças, os meus amigos estavam dispostos a brincar e a brigar toda hora , sem culpa, sem falta de tempo, sem cabeça cheia, sem preconceito. O vento que venta aqui é o mesmo que venta lá, trazendo a adolescência “furacão”.Fase das mais bonitas , onde amigos vem como chuva, pingando por todo o caminho, adubando o terreno para vida adulta.

Ninguém é reciclável, alguns foram outros voltaram ! A maré subiu e veio a fase adulta com toda a sua plenitude. Fase de quebrar o aquário, de viver todos os dias como o último, de fazer tatuagem, de ter e perder amores, e levar bronca por isso, de refinar os gostos musicais, dos porres inesquecíveis.Tempo de apertar os laços afrouxados pelo cotidiano.

Hoje reconheço e tenho devoção aos que realmente amo, mesmo sabendo o quanto mudei, principalmente pelo respeito as diferenças e imperfeições. Aos amigos de longe, aos amigos de perto, aos amigos virtuais, aos amigos de passagem e aos amigos que estão por vir, OBRIGADA. Agradeço pelos ombros, pelos cuidados, pelas brigas.

Minha gratidão por abrirem meus olhos quando fico cega, de serem palavra quando emudeço, por serem sol nos meus dias de chuva. Amém meus moinhos de vento, agora estou alçando vôos maiores. Coisa típica de gente grande né? Amadurecei com vocês e agora sou pipa, dessas que voam, voam, voam, alto bem alto, mas quando puxadas voltam, cheias de saudade e transbordando amor.


Clarissa Perna

terça-feira, 12 de julho de 2011

Exceções Cotidianas


Uma rede de ilusões, encontros, desencontros, chegadas, transgressões e despedidas. Seres humanos vivendo como reticências.

Gente procurando calma em meio ao turbilhão urbano, defendendo generosidades recíprocas,reclamando em nome alheio, mas mantendo a própria vida em total desordem.Todos psicodependentes de finais felizes,com necessidades de doses diárias de manhãs de verão . Pseudo-santos que precisam agradar a todos, mesmo que no final saiam como os mais prejudicados.

Tão dessemelhantes! Tente ser letra maiúscula e ponto final pro seu texto diário. Eu mesma alforriei-me faz tempo. Hoje escolho com quem vou sair, a música que faz carinho aos meu ouvidos. Dei-me a oportunidade de selecionar as cores e os tons que quero para a minha poesia diária! Ora manhãs de bossa nova , ora noites de um breu almodoviano.

Ocioso acaso! Encontro-me fatalmente atraída pelas frases curtas, que assim coloquialmente usadas, dão um ar de coisa trabalhada.Nem são... Essas exceções de cotidiano, sabem? Pois é, são essas que eu coleciono.Triste mesmo é viver sendo vírgula, para as frases dos outros.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Súplica em cordel




No interior do meu cerrado.
Grito de vida embriagado
Corpo sucumbindo à nostalgia do sertão,
no entardecer de um ribeirinho sem chão.

Doces retinas de afeto empoeiradas
Orvalhos de uma seca pró dor
Fragmentos inimagináveis de risos contidos
De um enredo pré-moldado,
antecipando os acasos de amor.

Na velha súplica sertaneja amante do descaso.
Sublime morena do passo apressado,
Maria Bonita dos cordéis apaixonados.
Clichês sertanejos de poeira e instinto.
No tom da zabumba gargalhando o infinito.