terça-feira, 4 de setembro de 2012

Sintaxe do sexo




                                             

                                                 "sexo heterodoxo, lapsos de desejo
                                            quando eu vejo o céu desaba sobre nós...
                                                 menina deusa urbana, neta do sol
                                             eu sou você e os meus rivais. sou só.."
                                                                                               Caetano


Sintaxe do sexo


Chega de conversa,
vem beijar o cangote do sol
Quero essa mucosa aberta
Seu jeito, seu peito, um farol..

De tudo eu quero torto
Filha da compulsão social
As mãos errantes do Caetano
Bronzeadas,
na frente,
entre,
 indo e vindo,
dentro de mim;

Sou da geração dos distraídos,
Aceito a revolução dos sentidos
O grito que ninguém ouviu.

A sintaxe das línguas perdidas
Poesia caótica, concreta, fugida
A paz quente, de se deixar
fluiu...

Clarissa Perna Filgueiras

Varandas






Para tecer o momento novo, devemos olhar as pessoas mais de perto. Desaprender o caminho. Detalhes que a gente só consegue perceber ao aproximar mais os olhos. Olhos nus. Entre todos os recursos fabulosos que o ser humano possui, um dos mais bonitos é o de renovar o próprio olhar.

Visito com olhos de poesia os territórios dos mais diversos sentimentos. Um respiro improvisado nas saudades aconchegadas. O coração quase nunca receptivo desabrocha ao primeiro olhar de cuidado. 

Abro as minhas varandas e deixo o acaso aproveitar a liberdade. No meu ritmo, escuto o samba de dentro, crio espaço, ajudo a desapertar. E a vida, eterna e descartável, arde em miudezas.

Clarissa Perna Filgueiras