terça-feira, 4 de setembro de 2012

Varandas






Para tecer o momento novo, devemos olhar as pessoas mais de perto. Desaprender o caminho. Detalhes que a gente só consegue perceber ao aproximar mais os olhos. Olhos nus. Entre todos os recursos fabulosos que o ser humano possui, um dos mais bonitos é o de renovar o próprio olhar.

Visito com olhos de poesia os territórios dos mais diversos sentimentos. Um respiro improvisado nas saudades aconchegadas. O coração quase nunca receptivo desabrocha ao primeiro olhar de cuidado. 

Abro as minhas varandas e deixo o acaso aproveitar a liberdade. No meu ritmo, escuto o samba de dentro, crio espaço, ajudo a desapertar. E a vida, eterna e descartável, arde em miudezas.

Clarissa Perna Filgueiras

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