quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

TERNURA E ALGODÃO


"Não gosto é quando pingam limão nas minhas profundezas e fazem com que me contorça toda.Os fatos da vida são o limão na ostra?"
(Clarice Lispector - Água Viva )



O que é que importa no fim de cada dia?

Tal questionamento veio aos meus pensamentos antes do sono chegar, exatamente no momento do dia em que me visito. Adormeci lendo Manoel de Barros, como se estivesse em uma praia deserta, como se aquelas palavras me deflorassem,como se a eternidade me invadisse pelos poros.É engraçado como a gente vai florescendo na solidão.

Essa mesma solidão me trouxe os acordes do Cícero :"Ainda não fazem pessoas de algodão...Ainda não fazem pessoas que enxuguem suas próprias mágoas."Pensei..pensei..O que dá trabalho mesmo é viver sempre do mesmo jeitinho.Porque então não ser algodão?

Sejamos essa fibra branquinha que tem o poder de absorver problemas e ultrapassar primeiras impressões.Na primeira impressão não conseguimos avançar além das formalidades e posturas defensivas, das máscaras, da beleza estéril.Primeira impressão é capa de livro, é amor de noitada.Então não filosofa, não tenta entender, não aprofunda, pode ser o ápice ou o abismo, tudo bem.

TERNURA É ALGODÃO.TEMPO É TERNURA, e sim, enxuga mágoas(lágrimas)...


Clarissa Perna

2 comentários:

  1. "Tão cedo passa tudo quanto passa!
    Morre tão jovem ante os deuses quanto
    Morre! Tudo é tão pouco!
    Nada se sabe, tudo se imagina.
    Circunda-te de rosas, ama, bebe
    E cala. O mais é nada."

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